domingo, 4 de abril de 2010

Resolução de Exercícios II

Abaixo, algumas questões de vestibular e os meus comentários sobre os itens. Todas essas questões estão na apostila, no capítulos 1. Bom estudo! = ]

1) UEL (Apostila - Ex. 19, pg. 15)

Para compreender a expansão marítima nos séculos XV e XVI, é necessário considerar a importância da cartografia. Sobre o tema, é correto afirmar que os cartógrafos representavam o mundo:
a) Valendo-se de conhecimentos acumulados e transmitidos por meio da filosofia, da astronomia e da experiência concreta.
b) Desconhecendo o valor político de sua arte de cartografar para os rumos da rivalidade castelhano-portuguesa.
c) Confirmando os conhecimentos estáticos sobre o planeta, resultantes da observação direta dos espaços desconhecidos.
d) Anotando nos mapas pontos geográficos, longitudes e latitudes com exímia precisão, em função dos eficazes instrumentos de navegação.

Comentários:
O item a é o correto, pois como foi visto no texto sobre cartografia (postado aqui no blog), os mapas traziam uma visão de mundo da época (filosofia) e também representações feitas a partir dos conhecimentos da época (astronomia, conhecimentos empíricos). O item b está incorreto, pois muitos dos cartógrafos conheciam sim, o poder político do conhecimento que transmitiam através de seus mapas. O reino que tivesse acesso a determinados conhecimentos poderia ter vantagens sobre a navegação e sobre a dominação dos novos territórios, fazendo com que muitos dos mapas se tornassem "segredo de Estado". O item c também está incorreto, pois muitos dos mapas eram feitos sem que o cartógrafo fosse até o lugar cartografado. Muitas das informações usadas para traçar os mapas eram adquiridas pelos cartográfos através de relatos de marinheiros e outros viajantes. O item d está errado, pois a precisão matemática, como a conhecemos hoje, não era a prioridade dos cartógrafos dos séculos XV-XVIII. Precisamos lembrar também que, apesar das avançadas técnicas de navegação para a época, eles não possuíam satélites, computadores ou GPSs. As latitudes e longitudes estavam presentes em muitos dos mapas pós-descobrimento da América, sendo alguns muito precisos. Mas a representação de mundo daquela época era muito diferente da nossa, não só devido a questões de tecnologia.


2) PUC - SP (Apostila - Ex. 41, pg. 17)
Quem quer passar além do Bojador,
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, "Mar Português", em Obra Poética.

O trecho de Fernando Pessoa fala da expansão marítima portuguesa. Para entendê-lo, devemos saber que:
a) "Bojador" é o ponto ao extremo sul da África, e que atravessá-lo significava encontrar o caminho para o Oriente.
b) a "dor" representa as doenças, desconhecidas dos europeus, mas existentes nas terras a serem conquistadas pelas expedições.
c) o "abismo" refere-se à crença, então generalizada, de que a Terra era plana e que, num determinado ponto, acabaria, fazendo caírem os navios.
d) menção a "Deus" indica a suposição, à época, de que o Criador era contrário ao desbravamento dos mares e que puniria os navegadores.
e) o "mar" citado é o Oceano Índico, onde estão localizadas as Índias, objetivo principal dos navegadores.

Comentários:
O item a está errado pois o Cabo do Bojador não fica ao sul da África (esse é o Cabo da Boa Esperança), mas ao noroeste do continente, entre as ilhas Canárias e Cabo Verde. O item b também está incorreto, pois a dor, no poema, representa o medo e as dificuldades dos navegadores em passar por aquela região. Muitos acreditavam, na época da expansão marítima, que depois do Bojador habitariam monstros marinhos terríveis e que, um pouco adiante, acabaria o mundo. O que nos leva ao item c, que é o correto: havia sim, como eu disse na sala de aula, uma crença de que o mundo seria plano e acabaria em um abismo, que seria onde chamamos de "linha do horizonte". O item d é incorreto, pois o navegadores portugueses eram muito católicos (como praticamente toda a população portuguesa da época) e acreditavam que desbravar os mares seria uma espécie de missão dada por Deus para os cristãos. Tanto isso que, quando encontraram com os índios na América, os portugueses (e também os espanhóis e franceses) acreditaram que os nativos deveriam ser convertidos ao cristianismo, e que era uma tarefa divina levar a salvação àqueles povos. O item e também é incorreto pois o mar citado, onde está localizado o Cabo do Bojador, é o oceano Atlântico. Aí vai um mapinha dos tão falados cabos:




3) Fuvest (Apostila - Ex. 57, pg. 18)

Nos últimos dois anos, apoiada em técnicas mais avançadas, a arqueologia tem fornecido pistas e indícios sobre a história dos primeiros habitantes do território brasileiro antes da chegada dos europeus. Sobre esse período da história, é possível afirmar que:

a) as práticas agrícolas, até a chegada dos europeus, eram desconhecidas por todas as populações nativas que, conforme os vestígios encontrados, sobreviviam apenas da coleta, caça e pesca.
b) os vestígios mais antigos de grupos humanos foram encontrados na região do Piauí e as datações sobre suas origens são bastante controvertidas, variando entre 12 mil e 40 mil anos.
c) os restos de sepultura e pinturas encontradas em cavernas de várias regiões do país indicam que os costumes e hábitos desses primeiros habitantes eram idênticos aos dos atuais indígenas nas reservas.
d) os sambaquis, vestígios datados de 20 mil anos, comprovam o desconhecimento da cerâmica entre os indígenas da região, técnica desenvolvida apenas entre os povos andinos, Maias e Astecas.
e) os sítios arqueológicos da ilha de Marajó são provas da existência de importantes culturas urbanas com sociedades estratificadas que mantinham relações comerciais com povos das Antilhas e América Central.


Comentários:
O item a é errado, pois muitos dos grupos indígenas do século XVI conheciam sim a agricultura. O item b é o correto: se alguém quiser saber mais sobre o sítios do Piauí, ver http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia5/pesquisa1.php. O item c é incorreto, pois os costumes indígenas - como os costumes europeus - mudaram bastante do século XVI até hoje. Dizer que os índios de hoje têm a mesma cultura e as mesmas práticas que os de séculos atrás é a mesma coisa que dizer que os índios não têm história!! É importante lembrar que muitas das mudanças ocorridas na sociedade indígenas aconteceram devido à exploração colonial e, posteriormente, ao confronto com grupos não-indígenas, ou seja, devido ao extermínio de boa parte da população, ao trabalho forçado, à cristianização, à perda de terras etc. Porém, muitas mudanças ocorreram também porque os próprios grupos indígenas o desejaram assim. O item d é incorreto: os sambaquis são "morros" feitos de resíduos orgânicos (conchas, ossos etc) por alguns grupos tupi-guaranis ao longo da costa brasiliera. Neles os arqueólogos já encontraram vários indícios da vida desses grupos. Vários deles conheciam sim a cerâmica (ex.: cerâmica marajoara), que não era exclusividade dos povos andinos. O item e também é incorreto, pois os habitantes da ilha de Marajó (PA) não eram "urbanos" e nem faziam comércio com os povos das Antilhas e Am. Central.

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