quinta-feira, 22 de abril de 2010

Administração Colonial

O império português, estabelecido ao longo dos séculos XV e XVI, precisou contar com agentes metropolitanos, que representariam o rei nas colônias da América, Ásia e África. Foi preciso criar órgãos responsáveis por afirmar e manter o domínio português nesses territórios, controlando a cobrança de impostos, a justiça e o comércio.
Em Portugal, depois do fim da União Ibérica (1640), a administração foi organizada dessa maneira (simplificadamente):O órgão responsável pelas partes do império localizadas fora a Europa é o Conselho Ultramarino. Na América Portuguesa a administração era exercida do seguinte modo (também simplificadamente):


É importante lembrar que essas relações entre os diferentes níveis administrativos poderiam ser flexíveis de acordo com a situação.

No âmbito local, duas instituições eram muito importantes: as Câmaras Municipais e as Irmandades da Misericórdia. Ambas deveriam ser compostas por "homens-bons", ou seja, homens de sangue "puro" (não poderia ser descententes de negros, judeus ou mouros) que faziam parte da elite local, tendo posses e uma boa reputação. Apesar dessas exigências, no entanto, alguns homens influentes que eram mestiços ou cristãos-novos (judeus recém-convertidos ao catolicismo) conseguiam alcançar postos nas câmaras ou irmandades da Misericórdia.

As Câmaras tinham a função de distribuir terras, cobrar impostos, controlar o comércio local, financiar obras públicas e festas. Elas tinham certa autonomia e, se fosse necessário, poderiam apelar diretamente pela Coroa. Tinham, no entanto, que negociar com os outros poderes, como o governador da capitania ou o procurador da Fazenda Real (responsável por controlar as finanças da Coroa).


As Irmandades tinham como principal função a caridade: cuidavam dos enterros, ajudavam os que estavam com dificuldades financeiras etc. Existiram irmandades de escravos, que conseguiram, algumas vezes, comprar a alforria de seus participantes. A Irmandade da Misericórdia, porém, era composta pela elite, e servia também como um "banco", emprestando dinheiro às pessoas que dela faziam parte. Sua influência política e social esteve presente em várias decisões administrativas e políticas nas vilas. Além disso, foi dessa irmandade que surgiram as Santas Casas de Misericórdia, que existem até hoje em muitas cidades brasileiras.

O trabalho no engenho de açúcar

Os engenhos eram as unidades produtivas de açúcar no Brasil colonial, sendo que o termo se refere a toda a área de produção, desde os locais de plantio da cana e produção do açúcar até a casa dos senhores, a capela e a morada dos escravos. Abaixo temos uma ilustração do que seria um engenho típico do período colonial:


A produção do açúcar no litoral da América portuguesa tinha quatro etapas principais:

1a. etapa) A cana de açúcar era plantada e colhida (no sistema de plantation).
2a. etapa) A cana era moída até sair todo o seu caldo.
3a. etapa) O caldo de cana era fervido até alcançar a temperatura certa, sendo "purgado", ou seja, tendo suas impurezas retiradas.
4a. etapa) O caldo era colocado em utensílios de barro (geralmente em forma de cone) com um furo embaixo, para ser lavado e secado, até transformar-se em um bloco de açúcar.

Esses "blocos" de açúcar eram então enviados a Portugal, onde o açúcar ainda seria refiando para ser vendido para outros países europeus.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Grupos indígenas na Amazônia e no sudeste


Recentemente, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma notícia sobre descobertas arqueológias na Amazônia, intitulada "Amazônia teve civilização complexa"
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100111/not_imp493546,0.php

Fiquem atento a essas novas questões sobre a Amazônia, pois elas podem aparecer nos vestibulares. Porém, lendo essa matéria, ficam perguntas parecidas com as que fizemos na aula sobre os indígenas: por que os grupos que construiram cidades, templos, monumentos etc são mais valorizados do que aqueles que eram nômades? Por que o termo "pré-colombiano" continua a ser usado, sendo que ele claramente coloca como marco da história indígena a chegada dos europeus?


Nesse outro link há informações sobre as buscas pelas origens dos tupi-guaranis (lembrando que esse nome diz respeito à "família" das línguas faladas por vários grupos indígenas do litoral):

Jornal Folha de São Paulo: "Tupis-guaranis já estavam no sudeste há 3.000 anos" (17/12/2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u480384.shtml

sábado, 10 de abril de 2010

Músicas Brasil Colônia

A pedidos.... Musiquinhas sobre a história do Brasil colônia!
(Vamos ensaiar para apresentar nas festinhas de fim de ano! hehehehe)

Deixando de lado a brincadeira, atentem para as diferentes versões do descobrimento e colonização retratadas nessas músicas. Pensando que essas músicas são geralmente ensinadas às crianças, que visões do Brasil, dos portugueses e dos índios elas trazem?

Descobrimento do Brasil
"Vinte e dois de abril, de um tempo passado
O Monte Pascoal foi logo avistado
Um Porto Seguro procurou Cabral
E nele ancorou as naus de Portugal

Caminha e frei Henrique vieram com Cabral
E a terra virou colônia do reino de Portugal

Vinte e dois de abril, de um tempo passadoO Monte Pascoal foi logo avistadoUm Porto Seguro procurou Cabral
E nele ancorou as naus de Portugal

A Ilha de Vera Cruz tinha um céu cor de anil
De Santa Cruz foste terra e hoje seu nome é Brasil."


Início da Colonização (ao som de Jingle Bells)

"Martim Afonso veio e dois anos depois
A bela São Vicente na ilha ele fundou
Distribuindo terras Brás Cubas concedeu
Um lote com bom porto e Santos ele ergueu

São Vicente, São Vicente, Santos e até
No planalto João Ramalho funda Santo AndréE ao norte surge Olinda cheia de atração
Foi assim que começou a colonização!"




















Pindorama (do grupo Palavra Cantada)

"Pindorama, Pindorama
É o Brasil antes de Cabral
Pindorama, Pindorama
É tão longe de Portugal
Fica além, muito além
Do encontro do mar com o céu
Fica além, muito além
Dos domínios de Dom Manuel

Vera Cruz, Vera Cruz
Quem achou foi Portugal
Vera Cruz, Vera Cruz
Atrás do Monte Pascoal
Bem ali Cabral viu
Dia 22 de abril
Não só viu, descobriu
Toda a terra do Brasil

Pindorama, Pindorama
Mas os índios já estavam aqui
Pindorama, Pindorama
Já falavam tupi-tupi
Só depois, vêm vocês
Que falavam tupi-português
Só depois com vocês
Nossa vida mudou de uma vez

Pero Vaz, Pero Vaz
Disse em uma carta ao rei
Que num altar, sob a cruz
Rezou missa o nosso frei
Mas depois seu Cabral
Foi saindo devagar
Do país tropical
Para as Índias encontrar

Para as índias, para as índias
Mas as índias já estavam aqui
Avisamos: "olha as índias!"
Mas Cabral não entende tupi
Se mudou para o mar
Ver as índias em outro lugar
Deu chabu, deu azar
Muitas naus não puderam voltar
Mas, enfim, desconfio
Não foi nada ocasional
Que Cabral, num desvio
Viu a terra e disse: "Uau!"
Não foi nau, foi navio
Foi um plano imperial
Pra aportar seu navio
Num país monumental

Ao Álvares Cabral
Ao El Rei Dom Manuel
Ao índio do Brasil
E ainda quem me ouviu
Vou dizer, descobri
O Brasil tá inteirinho na voz
Quem quiser vai ouvir
Pindorama tá dentro de nós

Ao Álvares Cabral
Ao El Rei Dom Manuel
Ao índio do Brasil
E ainda quem me ouviu
Vou dizer, vem ouvir
É um país muito sutil
Quem quiser descobrir
Só depois do ano 2000."

Para ver o clipe dessa música, que passou na TV Cultura: http://www.youtube.com/watch?v=s7nhcOShzYM

domingo, 4 de abril de 2010

Resolução de Exercícios II

Abaixo, algumas questões de vestibular e os meus comentários sobre os itens. Todas essas questões estão na apostila, no capítulos 1. Bom estudo! = ]

1) UEL (Apostila - Ex. 19, pg. 15)

Para compreender a expansão marítima nos séculos XV e XVI, é necessário considerar a importância da cartografia. Sobre o tema, é correto afirmar que os cartógrafos representavam o mundo:
a) Valendo-se de conhecimentos acumulados e transmitidos por meio da filosofia, da astronomia e da experiência concreta.
b) Desconhecendo o valor político de sua arte de cartografar para os rumos da rivalidade castelhano-portuguesa.
c) Confirmando os conhecimentos estáticos sobre o planeta, resultantes da observação direta dos espaços desconhecidos.
d) Anotando nos mapas pontos geográficos, longitudes e latitudes com exímia precisão, em função dos eficazes instrumentos de navegação.

Comentários:
O item a é o correto, pois como foi visto no texto sobre cartografia (postado aqui no blog), os mapas traziam uma visão de mundo da época (filosofia) e também representações feitas a partir dos conhecimentos da época (astronomia, conhecimentos empíricos). O item b está incorreto, pois muitos dos cartógrafos conheciam sim, o poder político do conhecimento que transmitiam através de seus mapas. O reino que tivesse acesso a determinados conhecimentos poderia ter vantagens sobre a navegação e sobre a dominação dos novos territórios, fazendo com que muitos dos mapas se tornassem "segredo de Estado". O item c também está incorreto, pois muitos dos mapas eram feitos sem que o cartógrafo fosse até o lugar cartografado. Muitas das informações usadas para traçar os mapas eram adquiridas pelos cartográfos através de relatos de marinheiros e outros viajantes. O item d está errado, pois a precisão matemática, como a conhecemos hoje, não era a prioridade dos cartógrafos dos séculos XV-XVIII. Precisamos lembrar também que, apesar das avançadas técnicas de navegação para a época, eles não possuíam satélites, computadores ou GPSs. As latitudes e longitudes estavam presentes em muitos dos mapas pós-descobrimento da América, sendo alguns muito precisos. Mas a representação de mundo daquela época era muito diferente da nossa, não só devido a questões de tecnologia.


2) PUC - SP (Apostila - Ex. 41, pg. 17)
Quem quer passar além do Bojador,
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, "Mar Português", em Obra Poética.

O trecho de Fernando Pessoa fala da expansão marítima portuguesa. Para entendê-lo, devemos saber que:
a) "Bojador" é o ponto ao extremo sul da África, e que atravessá-lo significava encontrar o caminho para o Oriente.
b) a "dor" representa as doenças, desconhecidas dos europeus, mas existentes nas terras a serem conquistadas pelas expedições.
c) o "abismo" refere-se à crença, então generalizada, de que a Terra era plana e que, num determinado ponto, acabaria, fazendo caírem os navios.
d) menção a "Deus" indica a suposição, à época, de que o Criador era contrário ao desbravamento dos mares e que puniria os navegadores.
e) o "mar" citado é o Oceano Índico, onde estão localizadas as Índias, objetivo principal dos navegadores.

Comentários:
O item a está errado pois o Cabo do Bojador não fica ao sul da África (esse é o Cabo da Boa Esperança), mas ao noroeste do continente, entre as ilhas Canárias e Cabo Verde. O item b também está incorreto, pois a dor, no poema, representa o medo e as dificuldades dos navegadores em passar por aquela região. Muitos acreditavam, na época da expansão marítima, que depois do Bojador habitariam monstros marinhos terríveis e que, um pouco adiante, acabaria o mundo. O que nos leva ao item c, que é o correto: havia sim, como eu disse na sala de aula, uma crença de que o mundo seria plano e acabaria em um abismo, que seria onde chamamos de "linha do horizonte". O item d é incorreto, pois o navegadores portugueses eram muito católicos (como praticamente toda a população portuguesa da época) e acreditavam que desbravar os mares seria uma espécie de missão dada por Deus para os cristãos. Tanto isso que, quando encontraram com os índios na América, os portugueses (e também os espanhóis e franceses) acreditaram que os nativos deveriam ser convertidos ao cristianismo, e que era uma tarefa divina levar a salvação àqueles povos. O item e também é incorreto pois o mar citado, onde está localizado o Cabo do Bojador, é o oceano Atlântico. Aí vai um mapinha dos tão falados cabos:




3) Fuvest (Apostila - Ex. 57, pg. 18)

Nos últimos dois anos, apoiada em técnicas mais avançadas, a arqueologia tem fornecido pistas e indícios sobre a história dos primeiros habitantes do território brasileiro antes da chegada dos europeus. Sobre esse período da história, é possível afirmar que:

a) as práticas agrícolas, até a chegada dos europeus, eram desconhecidas por todas as populações nativas que, conforme os vestígios encontrados, sobreviviam apenas da coleta, caça e pesca.
b) os vestígios mais antigos de grupos humanos foram encontrados na região do Piauí e as datações sobre suas origens são bastante controvertidas, variando entre 12 mil e 40 mil anos.
c) os restos de sepultura e pinturas encontradas em cavernas de várias regiões do país indicam que os costumes e hábitos desses primeiros habitantes eram idênticos aos dos atuais indígenas nas reservas.
d) os sambaquis, vestígios datados de 20 mil anos, comprovam o desconhecimento da cerâmica entre os indígenas da região, técnica desenvolvida apenas entre os povos andinos, Maias e Astecas.
e) os sítios arqueológicos da ilha de Marajó são provas da existência de importantes culturas urbanas com sociedades estratificadas que mantinham relações comerciais com povos das Antilhas e América Central.


Comentários:
O item a é errado, pois muitos dos grupos indígenas do século XVI conheciam sim a agricultura. O item b é o correto: se alguém quiser saber mais sobre o sítios do Piauí, ver http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia5/pesquisa1.php. O item c é incorreto, pois os costumes indígenas - como os costumes europeus - mudaram bastante do século XVI até hoje. Dizer que os índios de hoje têm a mesma cultura e as mesmas práticas que os de séculos atrás é a mesma coisa que dizer que os índios não têm história!! É importante lembrar que muitas das mudanças ocorridas na sociedade indígenas aconteceram devido à exploração colonial e, posteriormente, ao confronto com grupos não-indígenas, ou seja, devido ao extermínio de boa parte da população, ao trabalho forçado, à cristianização, à perda de terras etc. Porém, muitas mudanças ocorreram também porque os próprios grupos indígenas o desejaram assim. O item d é incorreto: os sambaquis são "morros" feitos de resíduos orgânicos (conchas, ossos etc) por alguns grupos tupi-guaranis ao longo da costa brasiliera. Neles os arqueólogos já encontraram vários indícios da vida desses grupos. Vários deles conheciam sim a cerâmica (ex.: cerâmica marajoara), que não era exclusividade dos povos andinos. O item e também é incorreto, pois os habitantes da ilha de Marajó (PA) não eram "urbanos" e nem faziam comércio com os povos das Antilhas e Am. Central.