quinta-feira, 11 de março de 2010

Cartografia e Navegações


Cartografia -
a arte de traçar mapas geográficos ou topográficos - é um tema que cai no vestibular, tanto em geografia quanto em história. Fique atento, então, a esses exemplos que mostram como os mapas nos dizem muito acerca de como o mundo foi visto de várias formas ao longo da história.

Os mapas-mundi antigos – e também os atuais - não representam simplesmente a localização dos continentes, reinos e países: eles trazem também a cosmovisão* de seu autor e de sua época. Durante a Idade Média, um tipo de mapa freqüente foi o mapa “T – O”. Seu nome vem do fato de que nele a terra é representada como um círculo, cujo centro é dividido em 3 partes, em forma de um T, indicando a Ásia, a Europa e a África.


No mapa abaixo, também do tipo “T-O”, é interessante notar que no centro do mundo está localizada a cidade de Jerusalém, demonstrando a influência do cristianismo sobre o pensamento da sociedade medieval.

Os mapas medievais podem nos parecer estranhos pois eles não foram feitos com base em coordenadas matemáticas (como latitude e longitude). Além disso, os produtores desses mapas – na sua maioria clérigos – não os faziam para serem úteis à navegação, nem estavam preocupados com a sua precisão geográfica, mas sim tinham o objetivo de demonstrar o modo como eles entendiam o mundo. Muitos desses mapas, como o acima, mostravam não só o espaço geográfico como também várias ilustrações de histórias bíblicas ou sobre a vida dos santos.

Nos séculos XV e XVI, vários mapas começaram a ser produzidos levando-se em conta o conhecimento dos navegadores acerca dos portos e das costas, assim como as coordenadas matemáticas. Com a chegada dos europeus à América, o “novo” continente foi incorporado aos poucos ao modo como os europeus enxergavam o mundo.


Nesse mapa acima, podemos ver que o contorno do continente americano ainda é incerto. Esse mapa também traz uma série de imagens que servem para ilustrar as características de cada continente.

O mapa abaixo é a famosa “Projeção de Mercator”, que muito influenciou o modo como desenhamos os mapas-mundi atuais. Apresentada em 1569 por Gerardus Mercator, esse mapa foi nomeado pelo seu autor como “Nova e aumentada descrição da Terra, corrigida para o uso da navegação”.


É interessante notar, porém, que mesmo em 1582 – depois da chegada de Colombo à América, e depois do mapa de Mercator – havia representações da terra que ainda lembravam os modelos medievais. Como exemplo temos o mapa-mundi abaixo, no qual os três continentes tradicionais são representados como folhas, tendo Jerusalém em seu "miolo". A América parece não ter muito lugar nesse mapa, pois está em um "canto discreto" à esquerda. Isso não significa que o autor desse mapa acreditava que a terra era exatamente daquela forma, mas sim que havia diversas formas de representar o mundo – ou seja, diferentes cosmovisões.



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Referência: David Buisseret. La revolución cartográfica em Europa, 1400-1800. Barcelona: Ed. Paidós Ibérica, 2004.

Para quem lê em inglês há um blog com imagens de mapas bem interessantes: http://strangemaps.wordpress.com

*Glossário:

COSMOVISÃO – Modo de entender, analisar e representar o mundo de uma pessoa ou de uma sociedade.

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